Censo 2022: Na Paraíba, mais de 160 mil pessoas se deslocam para o trabalho em outro município

Redação Portal de JP

Em 2022, do total de 1,4 milhão de pessoas ocupadas com 10 anos ou mais e residentes nos domicílios particulares da Paraíba, cerca de 11,5% (160,1 mil pessoas) exerciam sua atividade laboral em município diverso daquele de sua residência, segundo o Censo Demográfico 2022: Deslocamentos para trabalho e para estudo, cujos resultados foram divulgados nesta quinta-feira (9), pelo IBGE. A proporção estadual é superior às médias do Brasil (10,5%) e do Nordeste (10,2%), sendo a 8ª maior do país e a 4ª maior da região, inferior apenas ao observado em Sergipe (15,9%), Rio Grande do Norte (15,4%), Pernambuco (15%), Goiás (13,4%), São Paulo (13,3%), Rio de Janeiro (12,1%) e Espírito Santo (12%).

A pesquisa mostra ainda que, no estado, os homens eram maioria entre as pessoas que trabalhavam em outro município, representando 66,6% (106,7 mil pessoas) desse contingente populacional, enquanto a participação das mulheres era de 33,4% (53,5 mil pessoas). Por outro ângulo, 13% (106,7 mil) do total de homens ocupados (819 mil) se deslocavam para o trabalho em outro município, enquanto entre as mulheres a proporção era de 9,3% (53,5 mil) do total das ocupadas (574,3 mil).

Dos 160,1 mil trabalhadores paraibanos que exerciam seu trabalho em local fora de seu município de residência, 76,4% (122,3 mil) retornavam do trabalho para casa três dias ou mais na semana, enquanto os demais 23,6% (37,8 mil) não retornavam. O percentual estadual dos que faziam esse retorno para casa ficou um pouco acima da média nordestina (75,1%), mas abaixo da média brasileira (85,7%).

Entre os municípios paraibanos, os maiores percentuais de pessoas que trabalhavam em outro município foram registrados em Matinhas (41,1%), Puxinanã (40,7%) e Bayeux (40,6%). Santa Rita (33,3%), Cabedelo (28,1%) e Conde (15%), por sua vez, ficaram com a 10ª, a 22ª e a 88ª posições, respectivamente. Já os menores percentuais ficaram com Campina Grande (3,7%), Piancó (2,6%) e Aguiar (1,9%), enquanto João Pessoa (5,1%) e Patos (6,1%) ocupam a 210ª e a 199ª colocações no ranking estadual.

Quanto aos trabalhadores que exerciam suas atividades no próprio município de residência, eles representavam 86,4% da população ocupada da Paraíba, totalizando 1,2 milhão de pessoas, das quais 57,5% eram do sexo masculino (692,3 mil) e 42,5% eram do sexo feminino (512,2 mil). Desse total de mulheres, 111,4 mil (21,8%) trabalhavam no domicílio de residência, enquanto as demais 400,7 mil (78,2%) se deslocavam para trabalhar fora do próprio domicílio. Quanto ao grupo masculino, 17,5% (121,2 mil) trabalhavam em casa e os outros 82,5% (571,1 mil) fora de casa, mas no município de residência.

Havia ainda, no estado, 15,8 mil pessoas ocupadas com 10 anos ou mais (1,1% do total) trabalhando em mais de um município ou país e 238 residentes na Paraíba que, na data de referência do Censo 2022, estavam exercendo atividades laborais em país estrangeiro.

Paraibanos gastam menos tempo para se deslocar para o trabalho que a média dos brasileiros

Do total de 1,13 milhão de pessoas residentes e ocupadas na Paraíba que trabalhavam fora do domicílio, seja no município de residência ou fora dele, as que tinham tempo habitual de deslocamento do domicílio para o trabalho principal de até cinco minutos representavam 13,9% (157,3 mil pessoas), das quais 56,1% eram homens (88,3 mil) e 43,9% (69 mil) eram mulheres. Essa proporção estadual é superior tanto à média nacional (10,3%) como à regional (12%).

Já o percentual estadual das pessoas cujo tempo de deslocamento de casa para o trabalho se situava entre seis minutos e meia hora, era de 62% (702,2 mil pessoas), sendo cerca de 421 mil homens (59,9%) e 281,2 mil mulheres (40,1%), e ficou igualmente acima das proporções registradas para o Brasil (56,3%) e para o Nordeste (57,8%).

Ao somar os números referentes aos dois grupos, tem-se que 75,9% dos trabalhadores residentes na Paraíba, totalizando 859,5 mil pessoas, gastam um tempo de até meia hora em seu trajeto do domicílio de residência para o local de trabalho. Nas médias nacional (66,5%) e regional (69,7%), os percentuais são menores do que o indicador estadual que, além disso, é o 9º maior do Brasil e o 2º maior do Nordeste.

Entre os municípios paraibanos, as maiores proporções de trabalhadores com tempo de deslocamento para o trabalho de até meia hora foram registradas em Joca Claudino (95,4%), Quixaba (93,9%) e Frei Martinho (93,5%). João Pessoa, com 67,1%, e Campina Grande, com 78,9%, apresentaram percentuais bem menores.

Havia ainda, no estado, por volta de 181 mil pessoas (16%) que gastavam “mais de meia hora até uma hora” nesse deslocamento para o trabalho, sendo 109,9 mil homens (60,7%) e 71,2 mil mulheres (39,3%). Nessa faixa de tempo de deslocamento, a proporção paraibana ficou abaixo da brasileira (20,2%), em como da nordestina (18,8%).

Com tempo de deslocamento de “mais de uma hora até duas horas”, eram 64,7 mil (5,7%) na Paraíba, enquanto as taxas médias nacional e regional foram maiores, de 10,4% e 8,6%, respectivamente. Já aqueles que despendiam “mais de duas horas” no trajeto totalizavam 16,1 mil pessoas (1,4%), no estado, percentual que também foi inferior aos observados nos cenários brasileiro e nordestino, ambos com 1,8%.

Motocicleta é o meio de transporte mais utilizado pelos paraibanos para ir ao trabalho

Outro aspecto levantado pela pesquisa foi o meio de transporte utilizado no trajeto até o local de trabalho ou, no caso de uso de mais de um meio de transporte, aquele em que os trabalhadores passavam mais tempo durante esse trajeto.

Na Paraíba, de um total de 1,13 milhão de pessoas ocupadas que trabalhavam fora do domicílio, em 2022, constatou-se que 30,2% (342,6 mil pessoas) faziam uso da motocicleta como meio de transporte para o trabalho. Esse percentual ficou acima tanto da média nacional (16%) como da regional (25,4%), sendo o 8º mais elevado entre as unidades da federação, abaixo apenas dos constatados em Rondônia (41,6%), Piauí (41,1%), Tocantins (34,8%), Maranhão (34,1%), Acre (31,9%), Mato Grosso e Ceará, ambos com 30,8%.

Em segundo lugar, aparece o automóvel, utilizado por 282,6 mil pessoas, representando 24,9% dos trabalhadores do estado, percentual inferior ao observado no cenário brasileiro (31,7%), mas superior ao nordestino (20,6%).

Ir a pé para o trabalho era a alternativa de locomoção para 237,5 mil trabalhadores paraibanos, o que corresponde a 21% do total estadual, a 7ª maior taxa do Brasil, similar à do Maranhão (21%) e menor apenas que as registradas na Bahia (27,6%), Alagoas (24,9%), Pernambuco (24,8%), Minas Gerais (23,3%) e Sergipe (21,3%). Além disso, a taxa paraibana ficou acima da brasileira (17,4%), embora abaixo da nordestina (23%).

O ônibus é 4º meio de transporte mais utilizado no estado para a ida ao local de trabalho, com 13,7% (155,4 mil pessoas), o 10º menor percentual do Brasil, cuja média foi de 20,9%. Na região Nordeste, onde a média foi de 17%, a proporção estadual foi a 2ª menor, acima apenas da registrada pelo Piauí (9,2%).

Já a bicicleta é o meio de locomoção de 46,2 mil trabalhadores da Paraíba (4,1%), sendo esse percentual o 4º menor do país, igual ao observado para São Paulo e inferior aos do Amazonas (2,8%) e do Distrito Federal (2,4%). As médias nacional e regional foram de 6,1% e 6,7%, respectivamente.

Havia ainda, no estado, aqueles que se deslocavam para o trabalho utilizando meios de transporte diversos e menos representativos, tais como: Táxi e assemelhados, com 1,1% do total estadual de trabalhadores; Van, perua ou assemelhados, com 0,9%; Trem ou metrô, com 0,1%; Caminhonete ou caminhão adaptado (pau de arara), com 0,3%; Embarcação de pequeno porte, com 0,1%; e Outros, com 0,6%.

Taxa paraibana de pessoas que estudam em outro município ou país é a 6ª maior do Brasil

De acordo com o Censo Demográfico 2022, havia cerca de 1,1 milhão de pessoas residentes em domicílios particulares paraibanos que frequentavam alguma instituição de ensino. Para 91,1% desse total (984,7 mil estudantes), o local de ensino frequentado ficava dentro do próprio município de residência. Enquanto isso, um total de 8,9% (96,6 mil) dos estudantes do estado frequentavam escola ou creche localizada fora do domicílio de residência, sendo 8,88% (96,03 mil) em outro município do Brasil e 0,05% (566 estudantes) em país estrangeiro. Em 2010, esse total era de 7,9%.

No ranking das unidades da federação organizado em torno do percentual de pessoas que se deslocam para estudo em local fora de seu município de residência, seja no Brasil ou em país estrangeiro, a Paraíba se destaca com a 6ª maior proporção do Brasil, menor apenas que as observadas nos estados do Rio Grande do Norte (11,1%); Sergipe (9,5%); Rio Grande do Sul e Pernambuco, ambos com 9,1%; e Goiás (9%). Ademais, o indicador paraibano (8,9%) ficou acima tanto do brasileiro (7,3%) como do nordestino (7,4%).

Entre os municípios paraibanos, as maiores proporções de pessoas se deslocando para estudo em outro município ou país foram registradas por Várzea (36,3%), São José de Princesa (35,8%) e Logradouro (32,8%). Campina Grande (2,3%), João Pessoa (2,6%) e Barra de Santana (3,2%) ficaram com as menores taxas.

A análise dos dados do deslocamento para estudo por sexo mostra que, na Paraíba, 90,1% das mulheres estudantes (491,4 mil) e 92% dos homens (493,3 mil) o faziam dentro de seu município de residência. Quanto aos estudantes que se deslocavam para fora do município de residência, tem-se 9,9% das mulheres (53,8 mil) e 7,9% dos homens (42,3 mil) se deslocando para outro município do Brasil; e quase 0,1% de cada um dos grupos, sendo 280 mulheres e 286 homens, cujo deslocamento era para outro país.

Já quando se avalia o deslocamento para estudo pelo rendimento nominal mensal domiciliar per capita, a pesquisa indica que a proporção de pessoas que se deslocam para estudo em locais fora do município de residência é maior nas classes de rendimentos mais elevados. Na Paraíba, para as classes de rendimento domiciliar per capita inferior a ½ salário mínimo, a proporção fica abaixo de 7%. A partir da classe “Mais de ½ a 1 salário mínimo”, a proporção supera os 10%, saltando para valores em torno dos 15% nas demais classes de maiores rendimentos.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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