Entre 2022 e 2023, a Paraíba apresentou um aumento expressivo em sua estrutura empresarial e nas outras organizações formais, segundo o Cadastro Central de Empresas (CEMPRE), divulgado nesta quinta-feira (13). O número de unidades locais aumentou 7,1%, passando de 119,6 mil para 128 mil em 2023, respectivamente, tendo crescimento superior à média do Nordeste (6,4%) e Brasil (6,3%). O total de pessoas ocupadas teve elevação de 8,7% (passou de 810,3 mil para 880,7 mil pessoas), alavancado pelo crescimento de 8,9% no número de pessoas assalariadas (de 688,4 mil, para 749,7 mil). O valor total pago em salários e outras remunerações teve alta de 14,3% em termos reais (já descontada a inflação por meio do INPC), tendo saído de 24,5 bilhões para R$ 28 bilhões, entre 2022 e 2023, enquanto o salário médio mensal tinha acréscimo real de 5,9% (de R$ 2.734, para R$ 2.896), reforçando o dinamismo recente da atividade econômica estadual.
O CEMPRE abrange todas as pessoas jurídicas inscritas no CNPJ da Receita Federal, independentemente da natureza jurídica ou da atividade econômica exercida. As informações são atualizadas anualmente a partir da integração de registros administrativos como o eSocial, RAIS e CAGED, com as pesquisas estruturais de empresas, realizadas pelo próprio IBGE nas áreas de Indústria, Construção, Comércio e Serviços. A publicação distingue dois conceitos: a empresa, que corresponde à pessoa jurídica como um todo (entidade empresarial, órgão público ou instituição sem fins lucrativos) e que responde por suas informações econômicas consolidadas; e a Unidade Local (UL), que representa cada endereço onde a empresa exerce suas atividades. Assim, uma única empresa pode possuir diversas unidades locais.
Apesar do crescimento, salário médio mensal na Paraíba é o 3º menor do país
Apesar do crescimento na ocupação e na massa salarial, o salário médio mensal na Paraíba manteve-se em torno de 2,2 salários-mínimos (R$ 2.896), equivalente a 98,4% da média nordestina e apenas 77,3% da média nacional. Assim, o estado ocupa a 7ª posição na região no Nordeste e a 25ª no país em rendimento médio, abaixo da média nordestina (R$ 2.942,63) e nacional (R$ 3.745,45). O resultado mantém o estado com o 3º menor valor do país, à frente apenas do Ceará (R$ 2.796,56) e de Alagoas (R$ 2.637,58). No topo do ranking nacional, o Distrito Federal apresentou o maior salário médio (R$ 5.888,77), seguido por São Paulo (R$ 4.369,88) e Rio de Janeiro (R$ 4.243,43).
83,7% das Unidades Locais paraibanas tinham até 4 ocupados e pagavam salários menores
Em 2023, a Paraíba contava com 128.066 unidades locais ativas em 2023, sendo que 83,7% (107.188 unidades) delas possuíam até 4 pessoas ocupadas. Esses pequenos empreendimentos, embora em maior quantidade, responderam por 15,8% do pessoal ocupado total e 3,2% da massa de salários e outras remunerações, com salário médio mensal de R$ 1.596, o mais baixo entre as faixas de porte. Na faixa de 5 a 9 pessoas ocupadas, observou-se ligeiro aumento do rendimento médio (R$ 1.752), acompanhando a elevação gradual da participação em pessoal ocupado assalariado e massa salarial.
À medida que cresce o porte das empresas, a participação relativa em emprego e remuneração aumenta de forma expressiva. As unidades locais que possuíam 500 ou mais pessoas ocupadas representaram apenas 0,2% do total das ULs, mas concentraram 38,1% do pessoal ocupado e 57,2% da massa salarial, com o maior salário médio mensal do estado (R$ 3.685). Essa tendência confirma a relação direta entre porte empresarial e rendimento médio, onde as instituições de maior porte tendem a oferecer remunerações mais elevadas.
Desigualdades salariais também se refletem entre os setores de atividade econômica
Entre os setores de atividades (seções da Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE), aqueles que tiveram os menores salários médios mensais foram os de alojamento e alimentação (R$ 1.519,61), agricultura, pecuária e pesca (R$ 1.706,51) e comércio e reparação de veículos (R$ 1.945,79), embora absorvam significativa parcela da mão de obra. Por outro lado, os maiores salários concentram-se em atividades que, no geral, exigem maior qualificação do trabalhador, como atividades financeiras e de seguros (R$ 7.490,07), educação (R$ 4.995,69), eletricidade e gás (R$ 4.300,16) e administração pública, defesa e seguridade social (R$ 3.615,67).
João Pessoa e Campina Grande concentram 65,2% da massa salarial do estado
Em 2023, João Pessoa concentrou 37,4% (47.903) das unidades locais existentes na Paraíba (128.066) e 36,9% (44.131) do total das empresas e organizações atuantes no estado (119.654). O município também respondeu por 42,2% do pessoal ocupado total da Paraíba (371.343, de 880.740 pessoas) e 42,6% do pessoal assalariado (319.286, de 749.689). Com cerca de R$ 14,4 bilhões em salários e outras remunerações, João Pessoa detém (51,4%) da massa salarial estadual, e o salário médio mensal de R$ 3.552,58 (2,7 salários-mínimos) se manteve bem acima da média estadual (R$ 2.896,45).
Campina Grande, segundo maior município, representou 13,7% (17.530) das unidades locais e 13,3% (15.893) das empresas ativas estaduais, com 15,1% (133.045) do pessoal ocupado e 15,1% (113.368) dos assalariados no estado. O município gerou R$ 3,88 bilhões em salários e remunerações, equivalentes a 13,9% da massa salarial estadual, e apresentou salário médio de R$ 2.565,51 (2 SM).
Somadas, João Pessoa e Campina Grande concentraram 51,1% das unidades locais, 50,2% das empresas, 57,3% do total de pessoal ocupado e 65,2% da massa de remunerações da Paraíba, evidenciando a forte centralização econômica do estado em torno de seus dois principais municípios. Outros destaques foram Cajazeiras, que apresentou salário médio de R$ 2.964,87 (2,3 SM), e Cabedelo, que exibiu salário médio de R$ 3.196,01 (2,4 SM) e massa salarial de R$ 831,6 milhões.
Os municípios com menores quantidades de unidades locais no estado foram: São José do Brejo do Cruz (32), Areia de Baraúnas (41) e São Domingos do Cariri e Coxixola (ambos com 42 cada). No grupo desses municípios com menor número de UL´s, apenas Carrapateira registrou um salário médio mensal (R$ 3.089,41; 2,4 SM) acima da média paraibana, enquanto São Domingos do Cariri R$ 2.919,87 (2,2 SM) foi similar, ficando o restante com salários abaixo da média estadual.
Apenas 167 empresas fundadas antes de 1966 continuam abertas na Paraíba
O CEMPRE revelou que apenas 167 empresas fundadas até 1966 permanecem em funcionamento em 2023, o que representa 0,15% do total de 111 mil empresas ativas no estado. Essas sobreviventes formam um pequeno grupo de longa duração, distribuído principalmente nos setores de Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (80 empresas), Indústrias de transformação (33), Atividades imobiliárias e Outras atividades de serviços (com 9 empresas cada). Há ainda registros em menor número de empresas antigas nos segmentos de Eletricidade e gás, Atividades profissionais, científicas e técnicas, Informação e comunicação, Educação, Construção e Alojamento e alimentação.
Mesmo entre as empresas criadas entre 1967 e 1980, a quantidade que empresas que se mantiveram abertas é pequena, com apenas 1.806 organizações. A concentração maior está nas empresas mais recentes, onde 63% das organizações ativas foram fundadas nos últimos 12 anos (2011–2023). Apenas entre 2021 e 2023, permanecem 26.019 novas empresas, volume superior ao criado em toda a década de 2000.
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